Num cenário de muita velocidade, diversidade e tecnologia, aprendizado é algo que devemos encarar de forma ativa e estratégica. E para quem ainda não sabe, essa é a segunda habilidade do ranking do “Relatório Futuro do Futuro” do Fórum Econômico Mundial. Estamos falando de “aprendizagem ativa e estratégias de aprendizagem”. No mesmo relatório é enfatizado que todos nós, sem exceção, precisaremos aprender novas habilidades para garantirmos nosso espaço no mercado de trabalho.
Até começar a aparecer no ranking de habilidade para o futuro do trabalho, aprendizagem ativa era um termo apenas conhecido na área da educação. Começou a ganhar espaço dentro das empresas quando estas entenderam sua responsabilidade no desenvolvimento de seus colaboradores. E mais recentemente, este termo começou a ocupar espaço na agenda dos profissionais que começaram a suspeitar que essa é uma responsabilidade muito mais sua, do que de seus empregadores.
Aprendizagem ativa é um processo amplo e possui como principal característica a inserção do aprendiz como protagonista em sua própria realidade. Uma excelente estratégia para facilitar o aprendizado de adultos que respondem melhor quando desafiados a resolver problemas e a construir novos conhecimentos a partir daquilo que já conhecem.
Essas metodologias estão provocando empresas e escolas a reverem seu papel no processo de ensino e aprendizagem. Promover mudanças nas práticas em sala de aula que estão, por muitas vezes, enraizadas no modelo tradicional de ensino, aquele que foca na transmissão de conhecimentos. A metodologia ativa se contrapõe ao modelo tradicional, quando o transcende e busca compreender um ensino centrado no aprendiz, estimulando a todo momento a sua participação ativa centrada na realidade em que está inserido.
Estratégias ativas de aprendizagem são um conjunto de atividades organizadas, com a presença marcante da intencionalidade educativa, nas quais o aprendiz deixa de ser um agente passivo que fica apenas escutando ou assistindo conteúdos, muitas vezes fragmentados, e passa a ser membro ativo no processo de aprendizagem por meio de estratégias pedagógicas que estimulam a apropriação e produção de conhecimento e a análise de problemas, que inclusive foi tema de nossa Aula Integrativa de março.
Talvez por conta do atual momento de isolamento social, muitos se confundam. A metodologia ativa não implica necessariamente no uso das tecnologias, embora ela seja de grande valia, o foco aqui é promover a autonomia do aprendiz para que ele ocupe o papel de protagonista nos processos de ensino-aprendizagem.
O CAMINHO DO APRENDIZADO
Segundo Fredy Kofman no livro Metamanagement o sucesso além do sucesso, esse aprender tem um caminho em 5 etapas:
- Noviço ou principiante: quando o aprendiz identifica um campo de ação e admite que não consegue funcionar nesse domínio;
- Aprendiz adiantado: quando o aprendiz é posto diante de situações da vida real;
- Competente: quando o aprendiz já tem experiência suficiente nas situações reais do mundo;
- Destro: quando o pensamento analítico é combinado com uma execução e com certa dose de intuição;
- Expert: quando baseado em experiências concretas, a ação do expert não é lógica nem racional, mas intuitiva.
O DESCAMINHO DO APRENDIZADO
Ainda, segundo o mesmo autor, existe um descaminho para o aprendizado e isto ocorre quando ignoramos alguma das etapas anteriores. Ele classificou 3 personagens de aprendizes:
- O Sabe tudo: é um expectador por excelência, sua atividade principal não é participar, é observar e muitas vezes criticar;
- O Ausente: decide abandonar completamente o campo da ação, nem estuda, nem executa nada;
- O Cretino: decide manter o campo da ação, sabendo que não sabe, mas fingindo que sabe.
DICAS PARA VOCÊ DESENVOLVER UMA ESTRATÉGIA PARA APRENDIZAGEM ATIVA
Quero deixar aqui algumas dicas práticas para desenvolvermos essa habilidade:
- Reconheça o cenário atual e o que realmente você quer e precisa ser mudado: sem perfeccionismo, teimosia ou vaidade;
- Tenha clareza dos resultados esperados: metas, indicadores, objetivos ou novos comportamentos;
- Identifique o que ainda precisa ser aprendido para levar você do cenário atual para o desejado, evite buscar culpados ou justificativas;
- Pesquise boas fontes de aquisição de conhecimento: fuja das distrações ou conhecimentos fragmentados, como por exemplo uma lista de livros ou vídeos desconectados da essência de seus objetivos;
- Seja protagonista de seu crescimento: dedicando-se à aquisição do conhecimento que transformará você na pessoa capaz de realizar o que você veio fazer no mundo.
UMA AUTORREFLEXÃO SOBE O TEMA
O desafio de viver num momento de muita oferta de conteúdo é que todos nós fomos condicionados, desde o ensino infantil, a receber conhecimento de forma passiva. Levando-nos a consumir grande parte do conteúdo que chega até nós, mesmo não sendo o mais relevante para o nosso momento.
Muitas vezes o curso, o livro ou o vídeo que chegou até você apenas teve a melhor estratégia de marketing para te alcançar.
Para pensar junto com seu travesseiro:
- Quanto tempo e energia que você tem gastado em frente da tela do computador lendo ou assistindo algo?
- Como você efetivamente tem aplicado esse conteúdo?
- Você tem se tornando uma pessoa melhor com o que tem aprendido?
- Tem feito a vida de alguém melhor com o conteúdo absorvido?
Lembre-se que aquisição de CONHECIMENTO é apenas uma parte. Para desenvolver uma competência é necessário praticar até adquirirmos uma HABILIDADE. E acima de tudo ter uma ATITUDE positiva e proativa perante a vida é isso que realmente vai transformar o mundo.
Por Rebeca Toyama – Fundadora da ACI