Há bastante tempo, a complexidade do mundo atual vem demandando mentes que possam desvendar novas formas de resolver problemas.
Seja na esfera pública, privada ou pessoal, o que não faltam são desafios, muito deles que nem sonhávamos experimentar. Ao mesmo tempo que, rotina, estabilidade e segurança passaram a ser ingredientes escassos.
Acredito que por isso a habilidade Resolução de Problemas Complexos tenha alcançado tanto destaque no ranking de habilidades do relatório “Futuro do Trabalho” do Fórum Econômico Mundial.
Apesar da importância, essa é uma habilidade pouco desenvolvida e disseminada no Brasil, o que mais observamos são pessoas perante problemas complexos, expressando os seguintes comportamentos:
- Vítima ou perseguido: adotando uma postura quase que covarde ao acreditar que nada pode ser feito e que muitos, inclusive o mundo, estão conspirando contra ele;
- Herói ou salvador: pulando de cabeça no problema, buscando soluções rápidas e muitas vezes pouco estratégicas, efetivas e eficazes;
- Vilão ou perseguidor: buscando culpados e perdendo o foco na solução, punir nessa postura parece ter muito mais relevância que resolver
Em qualquer uma dessas posturas ignoramos o conceito do Lifelong Learning, ou o aprendizado contínuo, em que a jornada de desenvolvimento nunca cessa, pois é por meio dela, que pessoas e profissionais conseguem entender a complexidade de um problema.
MAS O QUE SERIA UM PROBLEMA COMPLEXO?
A palavra “complexo” deve ser entendida em seu sentido literal “complexus”, ou seja, aquilo que se tece em conjunto. Portanto, a complexidade não separa, dialoga com os opostos, indo além das contradições que nosso olhar simplista e simplificador não aceita.
Esse olhar simplificador para o mundo nos faz cair em algumas armadilhas que Matthew E. May chamou de 7 falhas fatais no livro Fixing the 7 Fatal Flaws of Thinking:
- Dar saltos. Você vai rápido para a solução? Isso não é modo de resolver problemas complexos.
- Fixações. São os modelos mentais, vieses, pressupostos e tudo o que impede de pensar diferente.
- Pensar em excesso. Somos todos artistas na arte de complicar problemas.
- Satisfazer-se rápido demais. Soluções simples e óbvias, mas medíocres, também não são boas.
- Rever metas para baixo. Trata-se de querer declarar uma vitória que não existiu.
- “Não fui eu que tive a ideia… então não vou apoiar.”
- Rejeitar as próprias ideias por medo de que fracassem é a pior das sete falhas.
COMO RESOLVER UM PROBLEMA COMPLEXO?
Assim, entende-se que ignorar a complexidade do problema não é a melhor opção para resolvê-lo, tampouco ficar divagando ou pensando horas nele.
Diante de um problema é necessário que se desenvolva um método, um caminho, para solucioná-lo.
Muitos métodos de aprendizagem baseado em problemas já foram desenvolvidos ao longo de décadas.
Um procedimento geral, que orienta este preparo à aprendizagem, é a estratégia de etapas chamada de “sete” passos criados por Schmidt, professor no departamento de educação e desenvolvimento de pesquisa da Faculdade de medicina de Rijksuniversiteit Limburg, Países Baixos.
- Definir o problema
- De forma escrita e, se possível for compartilhar e validar com os demais envolvidos.
- Estruturar o problema
- Dividir o problema em pequenas partes e entender causa raiz.
- Priorizar questões
- Definir uma melhor ordem para resolver cada uma das partes.
- Planejar análises
- Entendendo as consequências das soluções propostas.
- Conduzir análises e testes
- Promover testes e incluir as correções ao plano inicial quando necessárias.
- Sintetizar resultados
- Processo de gestão de conhecimento e melhoria contínua.
- Fazer recomendações
- Visando evitar reincidência e retrabalho.
DICAS PARA LIDAR COM PROBLEMAS COMPLEXOS
Em resumo, quero deixar 5 dicas para tentarmos desmistificar a habilidade de Resolução de problemas complexos:
- Diante de um problema complexo não simplifique, isso fará com que você caia em armadilhas que te afastarão ainda mais da solução real.
- Observe a influência de suas emoções, evitando diagnósticos rasos e soluções precipitadas que podem amplificar o problema.
- Fique atento a sua postura perante o problema, evite bancar o herói, a vítima ou o justiceiro, isso apenas prolonga qualquer situação.
- Analise não apenas os impactos financeiros do problema ou da solução, custo emocional e a demanda de energia e tempo merecem ser consideradas.
- Procure dar um significado positivo ao problema, por mais complexo e desconfortável que seja, você pode transformá-lo em aprendizado.
UMA ÚLTIMA REFLEXÃO
A Vida em sua impermanência nos convida a desenvolver essa habilidade diariamente, minuto a minuto. Não há nada mais complexo que “Planejar nossa própria Vida”. Fazer a gestão de recursos escassos como tempo e dinheiro numa dinâmica multifacetária e multidimensional que envolva interesses: pessoal, familiar, social, financeiro e profissional em diferentes papeis: profissional, filho/filha, pai/mãe, companheiro/companheira, cidadão/cidadã e o mais importante deles: SER HUMANO.
Garanto que vale a pena encarar a complexidade de um “Planejamento de Vida”, pois esse é o único caminho para encontrar um estilo de vida que nos traga bem-estar, liberdade e autonomia.
Por Rebeca Toyama – Fundadora da ACI