"O amor não é apenas um propósito — é a bússola que orienta uma liderança sustentável."
Era dezembro, e aquela seria uma das minhas últimas mentorias do ano. Para preservar a identidade de minha cliente, chamá-la-ei de Clara. Ela é uma alta executiva do mercado financeiro que acompanho há anos. Uma líder resiliente e estratégica, Clara navega com sucesso por ambientes desafiadores, sempre buscando equilibrar resultados e qualidade de vida. Sua jornada é um exemplo inspirador de como liderar em tempos de mudança. Apoiei sua transição de um período sabático para o retorno ao mercado, e agora, sua liderança está sendo testada em um segmento bastante masculino que passa por profundas transformações. Clara é o tipo de líder que inspira aqueles ao seu redor, mas, como muitos líderes, também enfrenta dilemas internos.
Como de costume, ao final do ano, trabalho a retrospectiva com meus mentorados. Assim que encerramos nossa sessão, Clara refletiu: “Essa sessão me ajudou a ver o quanto cresci em 2024. Mas estou triste, pois ainda não encontrei meu propósito.“
Naquele momento, tomei uma decisão. Clara é mais uma entre milhões de pessoas angustiadas na busca pelo tão sonhado propósito. Assim que ela terminou de falar, respirei fundo e perguntei: “O que acha de assumir o amor altruísta como propósito? O amor altruísta, conforme minha pesquisa, é aquele que transcende interesses pessoais, envolve empatia e preocupa-se com o bem-estar dos outros, mesmo em situações de conflito. Esse tipo de amor requer a coragem de acolher tanto aliados quanto aqueles que divergem de nós.”
Ela me olhou surpresa e respondeu imediatamente: “Mas eu já faço isso.”
Sorrindo, lembrei-a de situações em que o amor não foi praticado integralmente. Um dos exemplos que dei a ela, entre tantos que colecionei durante nossos encontros de mentoria, foi quando ela formalizou uma queixa ao RH sobre um diretor sem ser transparente com o colega sobre o que estava acontecendo e sem antes tratar do assunto diretamente com ele ou ponderar as consequências da ação. Clara entendeu que é fácil amar aqueles que concordam conosco, nos apoiam, respeitam ou pensam como nós. Mas um propósito pautado no amor não deveria excluir o diferente ou o divergente.
Conforme refletíamos juntas, ela percebeu que o amor altruísta na liderança vai além do discurso: trata-se de ações concretas que exigem empatia e coragem, especialmente diante de conflitos e divergências. Lembrei-a de que o verdadeiro legado de um líder é construído nesses momentos desafiadores.
Ao final da sessão, agradeci a Clara pelo seu nível de transparência durante nossa conversa. Naquele momento, assumi o compromisso de trabalhar com todas as pessoas que estão em busca de um sentido para suas vidas a ideia de que o propósito pode ser simplesmente amar. Lembrei-me do conceito popular de legado – plantar uma árvore, escrever um livro, ter um filho – e de como, com o tempo e a maturidade, podemos reinterpretar essas ações de forma única. A árvore pode simbolizar o crescimento de uma empresa ou iniciativa; o livro, a partilha de conhecimentos e valores por meio de projetos sociais ou mentorias; e o filho, a formação de novas gerações de líderes capazes de perpetuar o impacto positivo. Com isso, cada líder encontrará uma forma autêntica de deixar sua marca no mundo. De agora em diante, todos que chegarem até mim procurando um propósito, farei a sugestão de assumir que amar é o melhor caminho. Como costumo dizer: “O amor não é apenas um propósito — é a bússola que orienta uma liderança sustentável.” Essa é a essência do meu trabalho e o convite que deixo para você refletir.
Compartilhar essa reflexão aqui reforça meu compromisso com minha pesquisa de doutorado e com meu próprio propósito de vida: ajudar pessoas e empresas a se conectarem com seu propósito e entregá-lo ao mundo. Lembro-me, por exemplo, de um líder empresarial que estava preso em dilemas sobre o propósito de sua empresa. Durante nossas sessões, o levei a conectar seus objetivos financeiros com seu desejo de impacto social, resultando na criação de um projeto interno que, ao final, trouxe ganhos financeiros e engajamento dos colaboradores. Essa experiência reforça minha crença de que um propósito alinhado ao amor pode guiar líderes a resultados sustentáveis. Acredito que esse é o caminho mais saudável para enfrentar os desafios que vivemos.
E você, como enxerga o papel do amor no seu propósito? O amor pode ser o ponto de partida para transformações profundas na vida e na carreira, e eu adoraria conhecer sua perspectiva sobre isso.
Ah, e se você quer aprofundar essa discussão, no link abaixo pode se inscrever para participar de nossas mentorias abertas sobre Carreira Saudável e Liderança Sustentável.
Que 2025 seja um ano em que você realmente viva de propósito — e inspire outros ao longo do caminho! ✨
Abraços,
Rebeca Toyama
Fundadora da Academia ACI