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Igualdade de gênero e empoderamento: lições valiosas do CSW67 da ONU

Matéria escrita por: Rebeca Toyama

Mãe, cheguei na ONU!

Na última semana passei por uma experiência que me impactou muito. Mas tentarei compartilhar neste artigo uma parte dela,  que daria para escrever um livro.

Quando eu recebi o convite em janeiro, assinado pelo Carlos Pereira, CEO do Pacto Global da ONU Brasil, para participar do CSW67 em Nova Iorque, eu nem sabia o que era o CSW (Commission on the Status of Women). O tema que seria abordado me chamou atenção: “Digital and financial inclusion in Brazil: an intersectional perspective from the Global South”.

Para quem ainda não conhece, o Pacto Global da ONU, possui mais de 20 mil membros em 164 países, foi idealizado em 2000 pelo então secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, com o objetivo de mobilizar as empresas para alinharem suas estratégias e operações a 10 princípios universais nas áreas de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção e com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Criada em 2003, o Pacto Global da ONU no Brasil, da qual a ACI tem a honra de fazer parte, tem conquistado cada vez mais espaço e relevância dentro do setor empresarial brasileiro. Atualmente é reconhecida como a 3ª maior rede dentre as 70 redes locais do Pacto Global.

No 67º CSW, o Pacto Global da ONU reuniu líderes empresariais de todo o mundo juntamente com líderes do governo, sociedade civil, academia e membros das Nações Unidas para discutir como o setor privado pode acelerar a igualdade de gênero e desbloquear a liderança, a mudança tecnológica e a inovação para enfrentar os maiores desafios do mundo.

Debaixo de neve, cheguei em Nova Iorque para compor a maior delegação brasileira da história da CSW. Talvez pela agenda agitada, ainda não havia me dado conta de tamanha responsabilidade e privilégio que era estar ali, até que Vânia Bezerra, diretora de compromisso social do Hospital Sírio Libanês, sentou-se ao meu lado e disse: “Rebeca, nós estamos na ONU!”.

A espontaneidade dela me provocou um profundo sentimento de gratidão, em especial a minha mãe e minhas avós, que abriram o caminho para que eu, uma mulher brasileira, fruto da miscigenação nipônica e portuguesa, filha de uma dona de casa que não teve oportunidade de estudar e neta de uma doméstica, estivesse naquele momento podendo abrir caminhos para outras tantas mulheres.

Minhas reflexões durante o CSW

Carlos Pereira abriu o evento compartilhando as conquistas do último ano e apontando que o desafio de todos nós será colocar a agenda para caminhar. Cynthia Muffuh, head de direitos humanos da UNGC, lembrou que as empresas são reflexos de nossa sociedade. Patrícia Muratori, diretora do YouTube Brasil, trouxe uma fala semelhante a que usei no Podcast sobre o ChatGPT sobre a importância de humanizarmos a tecnologia.

Fernanda Ribeiro, fundadora da Conta Black, ampliou as questões de gênero traduzindo interseccionalidade ao falar dos 4 Cs – cor, cep, credo e carteira.

Helena Bertho, diretora Global de diversidade e inclusão do Nubank, destacou que o que existe de mais inovador no mundo é o ser humano, reforçando uma pergunta que costumo fazer durante minhas palestras: Qual seria o resultado se investíssemos no ser humano, valores semelhantes aos que investimos em tecnologia?

Renata Petrocelli, superintendente de comunicação da Eletrobras, destacou a importância das mentorias, por tratar-se de uma ferramenta que permite um profundo mergulho no outro e em si, mostrando o pioneirismo da ACI que possui desde 2015 programas de mentoria e treinamentos para preparar mentores.

Rafaela Guedes, gerente executiva de responsabilidade social da Petrobrás, apresentou o que a empresa tem feito pela equidade de gênero e comentou que as barreiras de entrada para as mulheres ainda são maiores que as dos homens, reforçando uma realidade que observo junto às minhas mentoradas mulheres. Carol Dartora, deputada federal pelo Paraná, destacou a importância da política das cotas, pois sem isso, ela mesma não seria a primeira deputada negra pelo estado do Paraná.

Se posicionar é escolher um lado, neutro é detergente

A frase acima, proferida pela Suelma Rosa, head de reputação e assuntos corporativos para América Latina da Unilever, foi uma das motivações que faltavam para a ACI aderir ao Movimento de Equidade de Gênero. Roberta Bicalho, diretora de gente e gestão do Grupo Soma apresentou a necessidade do letramento de líderes e empresas e com ela aprendi um tema novo: “afrobetização”.

Escutei com muita satisfação da Michele Salles, diretora de DEI e saúde mental América do Sul da Ambev, duas frases que repetimos muito aqui na ACI: “homens devem ser vistos como aliados e não culpados” e “precisamos parar de falar e começar a praticar ESG”. Eduardo Migliano, CEO da 99 Jobs convidou as empresas a incluírem estratégias de inclusão de gênero em suas contratações.

Benilda Brito, CEO da Mucua consultoria e assessoria interdisciplinar, subiu ao palco pisando forte e falando firme. Compartilhou sua história, honrou sua ancestralidade e revisitou a síndrome do impostor do lugar de uma mulher, negra, pobre e lésbica. Confesso que foi um momento tão intenso que não consegui anotar nada nesse momento, tamanho o impacto daquelas palavras em mim, quando ela conclui sua apresentação e olhei ao meu redor, notei que o mesmo acontecia com os que estavam ao meu redor, que como eu, estavam atônitos e com lágrimas escorrendo pelos olhos.

Outro momento especial para mim foi reencontrar a querida Ana Fontes, fundadora do RME, contemporânea de Volkswagen, e observar a relevância de seu trabalho e o impacto do legado que ela tem construído!

Como comentei no início, um breve artigo seria pouco para compartilhar minha experiência no CSW e minha primeira presença oficial na sede da ONU, nem todos os participantes foram contemplados aqui, os trechos mencionados foram extraídos das minhas anotações pessoais, aquelas que fazemos para levar para vida e raramente mostramos para alguém.

Acredito que todos que participaram do CSW voltaram transformados e com uma certeza: “temos que colocar em prática os aprendizados que tivemos” e é isso que faremos aqui na ACI.

Fique por perto para acompanhar tudo de bom que vem por aí.

Por Rebeca Toyama MSc, porta-voz da ODS 8 no Pacto Global da ONU, fundadora da ACI – Academia de Competências Integrativas, atua como mentora de carreira e palestrante sobre temas relacionados à liderança e saúde mental. Administradora e mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP

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