Livro Carreira Saudável por Rebeca Toyama

Livro Carreira Saudável

Diário de uma doutoranda #1: Liderança, Propósito e Espiritualidade

Matéria escrita por: Rebeca Toyama

Na Academia ACI, tenho o privilégio de formar líderes desde que encerrei minha atuação dentro de uma multinacional. Muitos deles, que começaram suas jornadas sob nossa orientação, hoje ocupam posições de destaque como CEOs ou executivos C-Level. Esses resultados refletem nosso propósito maior de impactar o mundo positivamente por meio da formação de líderes sustentáveis e que para isso desenvolveram uma carreira saudável.

Contudo, é notável que, embora as empresas reconheçam a importância de desenvolver líderes, muitos ainda enfrentam desafios significativos nesse processo. Os altos índices de desengajamento e o agravamento das questões de saúde mental mostram que há um longo caminho pela frente para que possamos formar líderes que integrem resultados e qualidade de vida.

Internamente, eu sentia a necessidade de fazer mais. Porém, como muitas vezes acontece, a vida profissional e pessoal já exigia tanto de mim que parecia impossível abraçar novos projetos sem comprometer a carreira saudável que tanto ensino aos meus clientes.

Foi então que uma série de eventos me trouxe para um novo caminho. A Academia ACI passou a ser uma signatária do Pacto Global da ONU e, e em seguida fui escolhida porta-voz da ODS 8 (Trabalho Decente e Crescimento Econômico) no Programa Liderança com ImPacto da Rede Brasil do Pacto Global da ONU. Por conta disso, começamos a participar de movimentos importantes, como Saúde em Foco e Elas Lideram e Educa. Esses compromissos me deram a oportunidade de conhecer pessoas e organizações incríveis e, mais importante, perceber que os desafios de liderança são universais. Cada interação reforçava que o propósito e as pessoas merecem estar no centro das discussões.

Essas experiências me deixaram inquieta. Sentia que precisava encontrar uma maneira de contribuir de forma mais profunda. Foi durante uma de minhas idas à sede da ONU em Nova Iorque que decidi que o doutorado seria o caminho para canalizar essa inquietação, pois o tema possui uma série de lacunas que precisam ser preenchidas. Embarcar nesse novo desafio significava buscar respostas e metodologias que pudessem mensurar propósito e liderança de maneira mais científica e eficaz.

Fui aceita em um programa de doutorado internacionalmente reconhecido e encontrei um orientador disposto a abraçar o desafio comigo: desenvolver uma escala capaz de medir o propósito na liderança. No entanto, o caminho não seria fácil. Além de estar em um programa de Psicologia, área diferente da minha formação em Administração, eu precisava lidar com a psicometria, um campo que, até pouco tempo, eu desconhecia. As aulas de psicometria abriram um novo universo para mim — a possibilidade de quantificar aspectos psicológicos como inteligência, personalidade e propósito. Mas o encantamento inicial deu lugar ao medo quando percebi que precisaria aprender a mexer no R, uma linguagem usada para análise estatística, algo bem distante do Cobol que aprendi quando cursei processamento de dados na década de 90.

Nas primeiras semanas, fui desafiada a apresentar e defender meu projeto de pesquisa diante de um grupo de acadêmicos experientes. Para mim, foi uma experiência intensa. Enfrentei o medo de não estar à altura dos outros pesquisadores, muitos deles bem mais jovens, alguns com idade para ser meus filhos. No entanto, a arguição foi bem-sucedida, e a recepção calorosa ao meu tema trouxe um novo ânimo à minha jornada.

Agora, com os primeiros desafios superados, sigo ajustando minha pesquisa com base nas sugestões recebidas. No entanto, um novo aprendizado se fez necessário: confiar mais em minha equipe. Para conciliar as exigências do doutorado com a qualidade que almejo, precisei aceitar que estaria mais ausente da Academia ACI do que o planejado. Algo muito próximo aos inúmeros sabáticos que planejei junto com meus clientes. Minha sócia, Marcela Melo, tem sido um grande suporte nesse processo, cuidando para que a empresa continue alinhada aos seus valores.

Esses primeiros passos no doutorado também me levaram a conhecer o trabalho de Louis Fry, que, em 2003, introduziu o conceito de liderança espiritual. Seu artigo seminal já foi citado aproximadamente 5 mil vezes, entre outras 18 mil citações acadêmicas, sem contar os livros já publicados pelo autor. Reforçando a relevância de se discutir como os aspectos espirituais podem influenciar a liderança. Acredito que esse conceito é uma peça-chave para os desafios que enfrentamos na formação de líderes para o futuro.

Essa jornada me trouxe aprendizados valiosos e me abriu portas para novos conhecimentos, especialmente no campo da liderança espiritual. No próximo artigo, compartilharei mais sobre as aproximações desse tema com o que já temos feito na Academia ACI e os aprendizados de como podemos transformar a maneira como entendemos e praticamos a liderança em nossas organizações.

Quer continuar essa conversa? Abri um grupo no linkedin chamado Liderança de Propósito, participe.

Abraços,

Rebeca Toyama

Fundadora da Academia ACI

 

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