O Fórum Econômico Mundial sempre deixa importantes lições. Por isso nós, da ACI, estamos acompanhando com interesse e, aproveitando a oportunidade, filtrando o que de mais útil e inovador podemos levar até as organizações empresariais.
Realizado em Davos, Suíça, com representantes de governos e da sociedade civil em geral, neste ano trouxe a crise climática como ponto alto na pauta de discussões. Paralelamente a este grave problema mundial, ficaram os alertas da demissão silenciosa, divisão social crescente e aumento dos riscos cibernéticos, expressas no Relatório de Riscos Globais. O mesmo relatório aponta que para se resolver esses problemas sistêmicos, os líderes globais devem se unir e adotar uma resposta coordenada das várias partes interessadas, a fim de garantir uma recuperação global uniforme e uma “transição líquida zero”.
Neste contexto, nada mais adequado que a fala de Thomas Schmall (membro do Conselho da Volkswagen, com quem tive a satisfação de trabalhar, quando de sua passagem pela presidência da VW no Brasil): “A cooperação é o tema-chave deste Fórum, e eu não poderia concordar mais”, disse ele, destacando em seguida: “A dissociação não é o caminho para o futuro brilhante e temos de reavivar a ideia da cooperação”. As questões climáticas, certamente, são a oportunidade de se exercitar esta colaboração a que Marco Lambertini, do WWF Internacional, chamou de “ecodespertar”, enfocando consciência, engaja mento e ação globais.
Além das divisões sociais agravadas pela pandemia do Covid19, da inflação mundial (acelerada pelas questões de saúde pública universal e a invasão da Ucrânia) e da segurança cibernética, existe um ponto que deve ser lido com atenção. São as demissões silenciosas, para as quais o painel “Quiet Quitting and the Meaning of Work”, ainda durante o evento, chamou a atenção. De acordo com as lideranças executivas especializadas em recurso humanos, presentes em Davos, a demissão silenciosa é de responsabilidade das lideranças e não dos colaboradores. “O novo termo (quiet quitting) não é específico de uma geração e é preciso muito cuidado, pois pode sugerir que os profissionais estão simplesmente desistindo de seus empregos, quando, na verdade, a responsabilidade vem dos chefes”, sublinhou Adam Grant, psicólogo organizacional e professor da Universidade da Pensilvânia. “De fato, a demissão silenciosa sempre existiu. O problema é o aumento da porcentagem dentro das equipes”, faz questão de frisar Martine Ferland, CEO da Mercer, consultoria internacional de estratégias de pessoas.
Mesmo com tais evidências apuradas, a pesquisa destaca que um terço dos C-level consideram o quiet quitting um grande problema entre os novos profissionais. Espelhados nestes fatos, é que focamos a atenção na necessidade de treinamento continuado de parte dos executivos, uma vez que as demandas vão se ampliando e a urgência por respostas é imperativa. Para ficarmos em dois únicos exemplos, até bem pouco tempo não se traziam à pauta corporativa as questões climáticas – com a mensuração dos impactos produzidos pelas organizações e as questões de saúde mental, com todas as suas reais consequências.
Temas que merecem nossa atenção, agora, para garantirmos a sustentabilidade do planeta, dos negócios e de nossas carreiras.
Por Rebeca Toyama – Fundadora da ACI