Nesse artigo em celebração ao Dia Internacional da Mulher, vamos mergulhar em um território fértil para discussões sobre liderança feminina, cultura do cancelamento, saúde psicológica e equilíbrio entre vida pessoal e profissional, tudo isso inspirado pelo incrível filme Tár, indicado a seis Oscars, incluindo melhor roteiro original, filme, fotografia, direção e edição, além de melhor atriz para Cate Blanchett.
O filme narra a história de Lydia Tár (Cate Blanchett), a primeira diretora musical feminina da Filarmônica de Berlim, que luta para manter sua carreira e sua família em equilíbrio, enquanto enfrenta os desafios de liderar em uma indústria dominada por homens.
Tendo alcançado uma carreira invejável com a qual poucos poderiam sonhar, a renomada maestrina está no topo do mundo. Como regente, Lydia não apenas orquestra, mas também manipula. Como uma pioneira, a virtuosa apaixonada lidera o caminho na indústria da música clássica dominada por homens. Além disso, Lydia se prepara para o lançamento de suas memórias enquanto concilia trabalho e família. Disposta a enfrentar um de seus desafios mais significativos: uma gravação ao vivo da Sinfonia nº 5 de Gustav Mahler. No entanto, forças que nem mesmo ela pode controlar lentamente destroem a elaborada fachada de Lydia, revelando segredos sujos e a natureza corrosiva do poder.
Embora o filme não julgue, ele destaca temas importantes, como a cultura do cancelamento, os limites entre vida pessoal e profissional e a importância de conhecermos nossos valores e nos mantermos fiéis a eles.
Desafios da Igualdade de gênero
A igualdade de gênero é um tema importante e atual que ainda enfrenta muitos desafios em todo o mundo. Apesar dos esforços e o destaque na Agenda 2030 da ONU, há muito trabalho a ser feito para alcançar uma sociedade mais justa e equitativa para homens e mulheres. Alguns dos obstáculos que precisam ser superados são:
- Preconceito e discriminação de gênero. Infelizmente, ainda persiste uma crença equivocada de que mulheres não possuem a mesma capacidade que homens para liderar e tomar decisões importantes. Essa mentalidade pode resultar em preconceitos e discriminação de gênero no ambiente de trabalho, o que acaba criando barreiras para a progressão das mulheres em cargos de liderança.
- Expectativas sociais e culturais. Frequentemente, as expectativas sociais e culturais colocam a liderança feminina em um patamar inferior. As mulheres são submetidas a pressões para se conformarem a papéis tradicionais de gênero, o que limita suas ambições e oportunidades. Essas normas podem resultar em um cenário onde a liderança feminina não é valorizada, prejudicando a ascensão das mulheres em cargos de destaque.
- Falta de modelos femininos de liderança. A ausência de modelos femininos em posições de liderança pode desmotivar outras mulheres a buscarem essas posições, já que podem se sentir deslocadas ou isoladas em um ambiente predominantemente masculino.
Inspirando a próxima geração de líderes
Inspirar a próxima geração de líderes é fundamental para promover a igualdade de gênero e encorajar mais mulheres a assumirem papéis de liderança. Isso envolve não apenas demonstrar as habilidades e qualidades necessárias para liderar com sucesso, mas atender as necessidades mais profundas da alma feminina.
Com base em minha experiência atendendo mulheres líderes, os três maiores desejos que ouço são:
- Ter liberdade para ser eu mesma
- Realizar entregas significativas em todos os meus papéis
- Ser um exemplo de ser humano com uma vida que vale a pena ser vivida
Para ajudar na busca desses objetivos, compartilho três dicas valiosas.
- Definir prioridades e estabelecer limites: É importante que a líder tenha clareza sobre quais são suas prioridades pessoais e profissionais e se planeje para equilibrar essas demandas da melhor forma possível. É fundamental que a líder saiba dizer “não” quando necessário e estabelecer limites claros para o trabalho, evitando a sobrecarga e o esgotamento.
- Desenvolver uma rede de apoio: Ter uma rede de apoio, seja profissional ou pessoal, pode ser muito útil para ajudar a líder a gerenciar suas demandas e reduzir o estresse.
Promover um ambiente de trabalho saudável: Uma líder inspiradora deve buscar promover um ambiente de trabalho saudável e equilibrado, incentivando seus funcionários a manterem uma boa qualidade de vida. A líder deve ser gentil consigo mesma, praticando a autocompaixão e entendendo que é humano cometer erros e que está tudo bem pedir ajuda quando necessário.
Ao buscar um equilíbrio saudável entre as responsabilidades profissionais e pessoais, nós mulheres podemos nos tornar líderes inspiradoras, sem comprometer qualidade de vida, e motivar outras mulheres a seguir nossos passos.
Por Rebeca Toyama MSc, porta-voz da ODS 8 no Pacto Global da ONU, fundadora da ACI – Academia de Competências Integrativas, atua como mentora de carreira e palestrante sobre temas relacionados à liderança e saúde mental. Administradora e mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP.